top of page

Mundial de Clubes - Jogos, Jogos e mais Jogos

  • Admin
  • 13 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de jun.

Entre a ambição inesgotável da FIFA e o limite físico dos protagonistas

Em junho de 2025, o futebol de clubes entra em território desconhecido. A FIFA estreia nos Estados Unidos uma versão totalmente reformulada do Mundial de Clubes: mais equipas, mais jogos e... mais jogos. Serão 32 clubes em competição, durante praticamente um mês, num formato que em tudo se assemelha a um Mundial de Seleções. Durante anos, o Mundial de Clubes foi uma espécie de apêndice protocolar do calendário: sete equipas, poucos jogos, domínio europeu quase garantido. Agora a FIFA vem apresentar algo à escala global e com bem mais impacto que o seu antecessor.


O que muda


Este novo formato destaca-se pela sua diversidade. Em vez de encontros esporádicos entre campeões continentais, teremos grupos e eliminatórias com equipas de todos os continentes a defrontarem-se ao longo de várias semanas, o que por, si só, já muda o tom.

Deixa de ser apenas uma plataforma para o campeão europeu levantar mais um troféu, passando a haver espaço para histórias improváveis, revelações e surpresas. Clubes que até agora raramente ou nunca se cruzavam vão ter a oportunidade de se enfrentar em contextos competitivos, com mais do que apenas um jogo para mostrar valor.

Para os adeptos pode ser refrescante. Fala-se por vezes de um certo cansaço dos confrontos repetidos da Liga dos Campeões — os mesmos nomes, as mesmas fases. Este torneio traz misturas novas e uma oportunidade de descobrir futebol para lá das ligas europeias e sul-americanas.


Jogos, jogos, jogos


Não é só no campo que o torneio se joga. Será também uma grande oportunidade comercial para clubes menos mediáticos, aproveitando a exposição, as receitas de direitos televisivos e a entrada em mercados de outros continentes, o que poderá significar um crescimento exponencial para quem clubes menos conhecidos, habituados a estar longe dos holofotes.

No entanto, esta expansão acarreta custos que não apenas financeiros. Encaixado em junho, logo após o fim da época europeia, o torneio gera apreensão quanto à carga física dos jogadores, especialmente nos clubes europeus de topo. Chegam a esta fase já esgotados, com cansaço acumulado e sem tempo para parar e respirar.

É a lenga-lenga do costume: o futebol quer crescer, chegar a mais gente, multiplicar eventos — mas à custa do desgaste dos protagonistas.



Interesse do adepto


Por muito que a FIFA tente vender o Mundial de Clubes como algo revolucionário, a verdade é que não ocupa um espaço emocional relevante da mente do adepto. A Liga dos Campeões é intocável. O Mundial de Seleções, sagrado. Poderá levar ainda algum tempo até que este torneio encontre a sua identidade.

Será que os jogos vão cativar? As indicações iniciais, pelo menos no que toca à procura na bilhética, não são favoráveis. O jogo inaugural — que envolve o Inter Miami de Messi — contava, à data de 10 de junho (a 5 dias do jogo), com apenas cerca de 25.000 bilhetes vendidos, num estádio com capacidade para quase 70.000 pessoas. A FIFA viu-se forçada a baixar drasticamente o preço base dos bilhetes de 304€ para 48€. De resto, tudo dependerá de como o torneio se desenrola. Se for previsível, com goleadas anunciadas e domínio europeu garantido, a ligação emocional não surgirá. Surgindo o elemento "surpresa", o Mundial poderá vir a conquistar o seu espaço.


O dinheiro manda


É impossível falar deste novo Mundial de Clubes sem reconhecer o peso comercial. A FIFA não esconde que o torneio é também uma estratégia para expandir a sua marca, conquistar novos mercados — especialmente o norte-americano e asiático — e maximizar receitas com direitos televisivos e patrocinadores. Os grandes eventos são pensados para uma audiência cada vez mais global, e o retorno financeiro é parte central da equação. Acaba também por ser uma oportunidade muito apetecível para antigas estrelas que já não jogam na Europa — como Messi — terem a hipótese de voltar aos grandes palcos, gerando assim mais audiência e receita.

Mas a questão que se impõe não é apenas “Quanto vale?”, mas sim “O que acrescenta ao jogo?”. Perante um calendário cada vez mais saturado, e os próprios protagonistas — jogadores, treinadores, médicos — implorando por contenção e equilíbrio, esta expansão soa mais a conveniência do que a visão de futuro. Crescer, sim, mas qual o rumo e a que custo.


O Mundial de Clubes 2025 vai ser um teste — não só à resistência dos jogadores, mas também à paciência dos adeptos e à visão da FIFA sobre o futuro do futebol: mais inclusiva, mais global, com espaço para equipas fora do eixo habitual.

Porém, corre o risco de tornar-se apenas mais um exemplo de como o futebol moderno continua a expandir-se sem travões, mesmo quando os sinais de desgaste são cada vez mais evidentes.

A bola vai rolar nos Estados Unidos — será o arranque de uma nova era ou o passo definitivo para um futebol que cresce por fora… e se esgota por dentro.



2 Comments


Daniel Soares de Macedo
Daniel Soares de Macedo
Jun 13

Caso a nação se una em torno de Rui Costa, acreditarei piamente numa conquista deste título. De qualquer forma o Benfica continuará a ser o Maior do Mundo, por muito que agentes destabilizadores o queiram ofuscar com o auxílio de um suposto "ato eleitoral democrático"!

Like

Cassiano Andor
Cassiano Andor
Jun 13

Mr. Infantino has friends everywhere

Like
bottom of page