Francesco Farioli, o Filósofo
- Admin
- 1 de jul.
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Atualizado: há 13 horas
Jovem, metódico e influenciado por De Zerbi; o que podemos esperar do novo filósofo do Dragão?

Com o fim da era Anselmi, o FC Porto viu-se obrigado a reavaliar prioridades depois de uma época desastrosa. A escolha de Francesco Farioli pela estrutura azul e branca segue a tendência de procurar um treinador estrangeiro, jovem e com ideias atrativas. Quem é o filósofo italiano e o que poderá trazer de novo ao FC Porto?
Farioli, 36 anos, natural de Barga, Itália, não seguiu o caminho mais tradicional para chegar ao topo do futebol europeu. Licenciado em Filosofia e Ciências do Desporto pela Universidade de Florença, começou a carreira em clubes amadores como treinador de guarda-redes, passando pelo Margine Coperta, Fortis Juventus e Lucchese. A primeira experiência internacional, no Catar, abriu-lhe portas para trabalhar com Roberto De Zerbi, que o levou para o Benevento na Serie A e depois para o Sassuolo. Quando decidiu enveredar por uma carreira a solo, pegou no Karagumruk, tendo depois regressado ao Alanyaspor, onde já tinha desempenhado funções de adjunto. Eventualmente despertou atenções em Nice, onde teve o seu primeiro grande teste num campeonato de topo. Antes de chegar ao Porto, deixou ainda a sua marca no Ajax: mesmo perdendo o título nos últimos jogos depois de uma vantagem de nove pontos, melhorou drasticamente a equipa em relação à época anterior. Em 2023/24, antes da sua chegada, o Ajax tinha terminado a Eredivisie em quinto lugar, somando apenas 56 pontos, com 61 golos sofridos e 15 vitórias em 34 jogos. Já com Farioli ao comando, na temporada seguinte, o Ajax subiu para o segundo lugar, terminou com 78 pontos — mais 22 pontos do que no ano anterior — sofreu apenas 32 golos (quase metade) e venceu 24 partidas, melhorando também a produção ofensiva com 84 golos marcados, mais 18 do que antes. Além disso, venceu todos os clássicos frente aos rivais PSV e Feyenoord.
A nível tático, Farioli prefere trabalhar com um 4-3-3 como ponto de partida, mas não o vê como um sistema rígido. A estrutura é apenas uma base para criar ligações curtas, sair a jogar desde trás e atrair o adversário para explorar espaços. No Ajax, por exemplo, variou entre um 4-3-3 e um 3-2-5 em construção, pedindo aos laterais para fecharem por dentro e aos extremos para ocuparem zonas mais centrais quando necessário. Essa flexibilidade inspira-se na escola de De Zerbi e Bielsa, privilegiando a ocupação dinâmica dos espaços em vez de posições fixas. Essa interpretação, a leitura de quando fixar, quando soltar, quando atrair e quando acelerar, é um dos pilares do seu modelo. É uma ideia de jogo que, tal como com Anselmi, exige inteligência cognitiva e tática, algo do qual o plantel do Porto carece profundamente. É exatamente aqui que se concentra o desafio que agora enfrenta no Dragão. Já é facto conhecido que o problema do Porto na época passada não esteve apenas em quem esteve sentado no banco — será necessário que Villas-Boas dê a Farioli aquilo que prometeu e não deu ao seu antecessor: reforços a sério e jogadores com perfil técnico e mental para executar o que se exige em campo. Se as fragilidades da equipa não forem colmatadas, Farioli corre o risco de cair no mesmo buraco que Anselmi: ideias entusiasmantes sem armas para as concretizar — e, no final, quem paga é sempre o treinador.
No fundo, isto é mais uma jogada arriscada de quem quer mudar tudo mas continua a repetir padrões. Farioli tem mais escola europeia do que Anselmi, mas não deixa de ser mais uma aposta num nome que precisa de tempo para encaixar num clube que ainda nem percebeu bem que rumo pretende tomar. Resta dar-lhe o benefício da dúvida, como foi feito com Anselmi. O que custará aos adeptos do Porto é ver o clube preso neste ciclo: treinador novo, discurso bonito, revolução, desilusão. Enquanto se vai testando o próximo “projeto”, o Porto permanece parado no tempo. É um ciclo que tem de ser quebrado, sob pena de o clube entrar num buraco negro do qual nunca mais sairá.

O que têm em comum Jesualdo Ferreira, André Villas-Boas, Vítor Pereira e Sérgio Conceição? Todos eles de nacionalidade portuguesa. Três dos quartos com profundo conhecimento do ecossistema portista e, ainda que tenham chegado com diferentes níveis de experiência enquanto treinadores principais, um conhecimento da realidade do campeonato português. Neste milénio, Victor Fernández e Co Adriaanse são os únicos treinadores estrangeiros com títulos pelo FC Porto. Desde então (salvo a exceção Julen Lopetegui), a escolha tem recaído sempre em treinadores portugueses. Existe uma enorme disparidade na mirabolância dos "projetos", das novas filosofias, do treinador-feito-Messias que reacende a chamada moribunda de um dragão que, nas suas autodenominadas amarguras, continuava a amealhar títulos e campanhas sólidas nas competições europeias. Repare-se que os tão aclamados "filósofos",…
A meu ver, o primeiro grande reforço. Um autêntico machão italiano...até dá gosto voltar ao estádio <3 ;-) 😍