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Martínez no Fio da Navalha

  • Admin
  • 2 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 7 de jun.

Treinador da Seleção Nacional na corda bamba depois de dois anos e meio cheios de nada.


Portugal enfrenta a Alemanha nas meias-finais da Liga das Nações num momento-chave para o futuro da Seleção Nacional. Mais do que a disputa por um troféu, este jogo ganha relevância como barómetro da validade do projeto liderado por Roberto Martínez — um projeto que, aos poucos, parece perder tração. Desde que chegou, Martínez apenas somou triunfos sólidos frente a equipas muito abaixo do nível que ambicionamos como Seleção, e mesmo nesses casos a qualidade exibicional tem vindo a deteriorar-se. O sentimento entre adeptos e especialistas é de que a equipa vai cumprindo apenas os mínimos absolutos, sem uma evolução visível no seu jogo.



Ilusão à frente, fragilidade atrás


A caminhada até ao Euro foi limpa nos números, mas o contexto importa: o grupo era pouco competitivo e raramente testou a Seleção. Quando o desafio subiu ligeiramente de grau, como no próprio Europeu, emergiram de imediato os traumas do costume: falta de intensidade nos duelos, equipa partida, reação fraca à perda da bola e pouca maturidade emocional. Apesar da presença nos quartos de final, o percurso foi sofrível. Diante da Eslovénia, o apuramento chegou apenas nas penalidades após uma exibição pálida e uma parada de última hora de Diogo Costa, no último minuto do prolongamento. Frente a França, nova saída pela porta pequena — outra vez nos penáltis, onde se verificou de facto uma ligeira subida de rendimento relativamente aos jogos anteriores, mas que acabou como tantos outros contra equipas deste nível.

É essa incapacidade de Portugal tem demonstrado a controlar estes momentos de exigência que torna a Final Four tão determinante. Portugal precisa urgentemente de mostrar que consegue competir com seleções do mesmo calibre — algo que, dois anos e meio após a sua contratação, ainda está por provar com Martínez ao leme.

Apesar do discurso sempre (muitas vezes demasiado) otimista do treinador, a equipa insiste em ser previsível e refém do talento individual. A posse é valorizada, mas raramente eficaz; a transição defensiva revela vulnerabilidades graves para este nível competitivo e a gestão dos protagonistas mantém-se demasiado cautelosa.

A insistência em figuras como Cristiano Ronaldo já há muito que é ditada por equilíbrio interno e não por critérios técnico-táticos. Quem sai prejudicado é o coletivo, e isso depois é visível no comportamento da equipa em campo.


Cristiano Ronaldo falha um penálti contra a Eslovénia no prolongamento (oitavos-de-final EURO 2024)
Cristiano Ronaldo falha um penálti contra a Eslovénia no prolongamento (oitavos-de-final EURO 2024)

2026 em contrarrelógio


Não há dúvida de que o Mundial de 2026 é o grande objetivo no horizonte. Mas um ciclo competitivo não se constrói apenas com vitórias frente a adversários menores. Exige ideias claras e coragem nos momentos decisivos frente aos grandes. Se o próprio treinador, líder de grupo, não demonstra esse caráter, é muito difícil pedir à equipa que o faça sozinha. Por isso, este jogo contra a Alemanha é mais do que uma meia-final — a seguir à França no passado europeu, é o mais um teste real ao projeto Martínez.

Se Portugal vencer e chegar à final — para tal teria de mostrar uma maturidade que não tem aparecido — não restam dúvidas que Martínez ganha crédito para conduzir o grupo até 2026. Caso contrário, perante nova exibição cinzenta e taticamente pobre, o seu lugar fica seriamente em risco, sendo que em caso de uma goleada catastrófica — o que não é de se excluir inteiramente — tornar-se-á inevitável a sua saída.


Já é facto reconhecido por todos que a Seleção tem talento de sobra para sonhar com títulos, mas precisa de um rumo coletivo definido e sobretudo de um líder capaz de fazer escolhas difíceis. Esta fase da Liga das Nações, mais do que o prestígio da competição em si, acarreta uma importância capital para os destinos da equipa a curto / médio prazo.


O embate com a Alemanha pode reforçar um caminho… ou exigir, sem rodeios, um novo rumo. Não há tempo a perder. Até porque Mourinho está já aí ao virar da esquina.



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