O Bicampeão Que Ainda Não Despertou
- Admin
- 11 de out.
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Um leão reconhecível na ideia, mas com garras menos afiadas — entre o passado que o define e o futuro que hesita em assumir.

O Sporting atravessa o início de época com a confiança de quem sabe o que quer e a insegurança de quem ainda não o consegue demonstrar. Há momentos em que a equipa se aproxima do nível a que nos habituou, mas outros em que parece presa numa ideia ainda por consolidar. Esse limbo tem sido a marca do arranque leonino. O futebol do Sporting continua reconhecível na organização e na coragem com bola, mas perdeu alguma da ferocidade que o tornava implacável. A equipa constrói com qualidade, mas hesita na finalização; defende com critério, mas desliga-se em momentos cruciais. O Sporting produz e controla, mas raramente convence por completo.
Os leões continuam a jogar com personalidade, mas com menos presença. Desde a entrada de Rui Borges que a equipa evidencia uma tendência em baixar linhas e conservar o resultado. A diferença é que agora não há Gyökeres para rebentar com os adversários nos momentos em que a equipa está menos bem. Por mais que Luis Suárez seja um excelente ponta de lança, não tem o mesmo perfil do sueco e não terá, certamente, o mesmo impacto, especialmente no ataque à profundidade. A equipa está menos solta. Sem bola, há alguma confusão nos mecanismos de pressão que, aliado ao desejo de controlar e baixar ritmo (com receio de deitar tudo a perder), sobrepõe-se ao desejo de romper, de arriscar, de empurrar o jogo para a frente e o adversário para trás. Os sinais dessa perda de intensidade notam-se em jogos como o Braga, onde a equipa, além de ter baixado drasticamente o ritmo depois de marcar o seu golo, não foi eficaz nas inúmeras ocasiões que foi tendo. Outro exemplo foi o Estoril, jogo no qual a vantagem no marcador nunca se traduziu em verdadeira autoridade. Contra o Nápoles, a equipa conseguiu em vários momentos anular os italianos, mas pecou na transição defensiva.
O Sporting existe neste momento entre o que já foi e o que procura voltar a ser. A base está estabelecida há muito, mas está a faltar incisividade e intensidade. Acelerar a circulação, mais assertividade no passe, encurtar distâncias nas transições e ir para cima do adversário, mesmo estando em vantagem. O calendário pedirá, mais tarde ou mais cedo, respostas em jogos grandes e em noites europeias, contextos onde a clareza de ideias e a fibra competitiva são postas à prova. Há matéria para lutar pelo título até ao fim e voltar a fazer história, até porque continua a a ser o plantel mais experiente e completo do campeonato. Quando ou se esse despertar acontecer, será difícil para os rivais travar o ímpeto. Até ao momento, não se viu qualidade nem competência digna de um bicampeão nacional. Só quando esta equipa for capaz de voltar a jogar sem receio de cair é que se poderá reerguer.




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